Não me leves a sério, amor, quando escrevo palavras gastas e
usadas. Não, não me leves a sério, amor. Serei eu cínica
amadora nesta arte de amar por predestinação, sortilégio de
uma espécie empacotada? Não, amor, não me leves a sério
quando escrevo o que é desejo ouvir, nem que seja a negação.
Não, amor, leva-me a sério quando escrevo amor onde me
leres, nem que seja num gesto indiferente. Não, amor, leva-me
a sério quando escrevo sou cínica sou indigente, sou cega
amante indiferente ao amor que tenhas.