1) O Bernardo nasceu e cresceu no Porto. Como nos descreve a sua infância? Tem mais irmãos, irmãs? Que recordações guarda desses tempos?
Não tenho irmãos. Tive uma infância excelente com uma mãe super protectora e um pai muito divertido. Os meus pais tiveram um filho que morreu ainda antes de eu nascer. Durante os primeiros anos fui o exemplo máximo do “filho único”, demasiado mimado pela minha mãe. Já o meu pai fazia o contrapeso. Depois, a partir dos 6-7 anos passava os dias na rua com os meus amigos. Cresci numa praceta no Porto onde brinquei com dezenas de miúdos da minha idade. Era uma espécie de ilha onde podíamos fazer o que quiséssemos, correr à vontade. Foram os tempos mais fantásticos da minha vida! Lembro-me de fazermos jogos de futebol no meio da rua e termos de parar o jogo, aborrecidíssimos, para deixar passar um carro. Os condutores, que já estavam habituados a passar naquela rua, reduziam a marcha ainda antes de nos ver. Fomos absolutamente livres o que, acho eu, hoje em dia não acontece com as crianças. Construíamos tendas de índios nos terrenos que ainda não tinham sido ocupadas e mais tarde explorávamos as obras das casas que iam sendo construídas. Nem sei como não fui parar ao ramos da engenharia civil, como aliás aconteceu com alguns amigos de infância...(risos).
2) Com que idade sente que o jornalismo poderia marcar a sua vida? Nos tempos do ensino básico, secundário, alguns acontecimentos que vieram de certa forma incentivar esta paixão pelo jornalismo?
Mafra Oliveira e Silva, Director de Formação da RTP
Desde miúdo que tinha a fixação pelo jornalismo. Não havia ninguém na família ou próximo dela que tivesse essa profissão ou pudesse exercer esse tipo de influência. As minhas tias contam que quando a família se juntava para um aniversário ou algo do género, eu virava os copos ao contrário, a fingir que eram microfones, e entrevistava toda a gente. Enquanto os outros miúdos queriam ser médicos ou bombeiros já eu, desde muito pequeno, respondia sempre da mesma forma, sem nenhuma razão aparente, à célebre pergunta:
- O que queres ser quando fores grande?
- Jornalista!
3) A sua formação universitário ocorre onde e qual o seu 1.º local de estágio?
Não posso falar em primeiro estágio porque o meu percurso foi diferente do normal. Comecei a trabalhar em rádio com pouco mais de 16 anos. Um dia fui bater à porta de uma rádio local, em Vila Nova de Gaia, e pedi para me deixarem trabalhar. A Universidade veio depois. Estudei na Universidade Fernando Pessoa, no Porto no curso de Ciências da Comunicação.
4) Assume que a rádio é a sua grande paixão. Que recordações guarda desses tempos? (poderá falar nas rádios onde esteve e que tipo de programas fazia) Acredita que ainda poderá voltar a dar a sua voz a um programa radiofónico?
Eu brinco muito com isso. Costumo dizer que se me saísse o euromilhões a primeira coisa que fazia era comprar uma rádio local e viver o resto dos meus dias a fazer playlists e entrevistas (risos).
Comecei por trabalhar numa rádio local absolutamente de borla e mais de 10 horas por dia. Tentei aprender tudo. Desde locução, propriamente dita, até a fazer spots. Foram dias fantásticos a usar cassetes e revox’s e a cortar fitas a olho (risos)...
Em rádio fiz de tudo o que havia para fazer. Passei por 7 ou 8 estações no Porto. Cheguei a ter programas com musica popular e chamadas em antena dos ouvintes a desejar os parabéns à filha ou à neta. Era fantástico! Nunca aprendi tanto como nesses tempos.
Cheguei a fazer passatempos em directo em que durante uma hora atendia mais de 50 chamadas de ouvintes. Lembro-me de brincadeiras que fazia, como por exemplo, dizer que me apetecia uma mousse de chocolate e que o primeiro ouvinte a trazer uma ao estúdio ganhava um prémio qualquer, qualquer coisa irrisória... Foi brutal, nesse dia chegaram mais de 20 mousses ao estúdio! Posso dizer que foi uma dor de barriga global nessa semana. Até a senhora da limpeza da rádio andou mal disposta (risos).
5) Enquanto voz da rádio há certamente músicas que o marcaram e que ainda hoje faz questão em ouvir. Quer-nos apresentar os cinco primeiros lugares na sua playlist?
Esta pergunta é tão difícil... preferia que me pedisses um rim ou outro órgão qualquer. De Prince a Stones, de Stevie Wonder a Nina Simone... Passemos à próxima, por favor senão esta conversa nunca mais acaba (muitos risos).
6) Com que idade e em que circunstâncias começa a fazer televisão?
A minha entrada na televisão é puramente acidental. Eu trabalha num site, durante o “boom” da Internet, e tinha deixado as rádios por algum tempo quando um dia a televisão me bateu à porta por mero acaso...
No Porto há o costume de se beber café no mesmo sitio todos os dias a seguir ao jantar. Num desses dias conheci a Mónica Gomes, hoje produtora da RTP Porto, na altura assessora da direcção de um novo projecto que se ia formar chamado Porto TV. Quando a conheci não fazia ideia qual era a profissão dela. Entre conversas esporádicas, que se transformaram em quase diárias com ela e com o marido à roda do café, confessei que já estava com saudades de fazer jornalismo. Ela pediu-me o currículo. Eu estranhei e perguntei-lhe para o que era. Não me quis dizer. Numa noite de insónia decidi actualizar o currículo e imprimi-lo. Andou comigo no carro algumas semanas. Certo dia ela voltou a pedir e eu dei-lhe. Uma semana depois estava a receber um telefonema para ir a uma entrevista. Fui e a direcção da futura NTV convidou-me para entrar no projecto. Demorei poucos minutos a dizer que sim. Voltei ao site onde trabalhava, despedi-me e deixei um ordenado muito simpático em troca por um estágio de seis meses mal remunerado sem a garantia de ficar a trabalhar no canal. Não sei explicar porque decidi assim. Foi um feelling...
7) Ainda se lembra do seu 1.º directo. Que tipo de acontecimento foi e em que local?
Lembro-me perfeitamente. O meu primeiro directo de televisão foi a reabertura da Brasileira, um dos cafés mais míticos do Porto que esteve fechado durante muitos anos. Era uma reportagem sobre a recuperação da baixa da invicta e a reabertura daquele café podia dar um novo impulso ao centro da cidade que estava muito morto. No fim do directo descobri na porta ao lado uma loja arrombada. O chão estava pejado de seringas. Peguei na câmara, que nessa altura da NTV nós é que filmávamos, e tirei umas imagens. Lembro-me de ter ficado estarrecido ao ver aquele cenário. Uma loja abandonada que tinha sido ocupada por uma dezena de tóxicodependentes. Assim ganhei uma peça para o dia seguinte.
8) Um pivô de televisão tem obrigatoriamente antes de entrar no ar pela maquilhagem, na medida em que a imagem é extremamente importante em televisão. Após alguns de maquilhagens diárias já se habitou à rotina, ou ainda continua a ser um «sacrifício» dar o rosto à maquilhagem?
Odeio (risos). Eu tenho alergias e sou muito irrequieto. Para mim é um suplicio! As minhas colegas da maquilhagem são super pacientes. Faço birras, arranjo mil desculpas mas no fim acabo sempre por ceder porque não há outro remédio.
Sempre fui assim. Quando era miúdo e chegávamos à praia a minha mãe espalhava-me o protector solar no corpo todo. Quando chegava a altura de besuntar a cara eu fugia pela areia (risos).
9) Ainda relativamente à sua imagem, pessoalmente, sentia-se melhor com ou sem a sua gravata. Aliás, as calças de ganga por baixo de uma camisa, gravata e casaco, é já imagem de marca, não é assim?
Eu só uso calça de ganga quando sei que nunca se vai ver no écran (risos). Eu e quase todos os meus colegas.
Sinto-me melhor com gravata, confesso... Até por uma questão de respeito por quem nos está a ver. Há quem considere insultuoso que não a usemos. Um ministro, um bancário, um vendedor, um pivot, devem estar sempre de gravata. É um tipo de modernice com a qual não concordo, de todo.
10) Um pivô e um repórter assumem duas posições distintas na construção e divulgação da notícia. Ainda hoje continua a fazer reportagem. Que vantagens retira desta possibilidade?
A reportagem (escrita, dita ou filmada) é a forma mais nobre do jornalismo. Acredito que esta frase diz tudo.
11) Ainda aquando pela sua passagem pela RTP, o Bernardo e outros colegas de profissão foi destacado para se inserir durante 6 dias, num ambiente que tinha como objectivo prepará-lo a si e aos colegas para eventuais coberturas de cenário de guerra. Que ensinamentos retira desta sua passem pela «Túria»? Sente que hoje estaria preparado para situações similares, desta vez, reais?
Esse curso foi fantástico! Era um curso que envolvia cenários de guerra mas também outros cenários de tensão e conflito. Eu nunca estive, com muita pena minha, num cenário de guerra em trabalho. Acho que seria importante para a minha formação como profissional mas também como ser humano. Muitas vezes converso com colegas que já correram mundo e concluímos que alguns ambientes que se vivem em estádios de futebol, por cá, são mais assustadores do que um cenário de guerra no Iraque ou no Afeganistão. Nesse curso, graças à clarividência do Luís Castro e do José Carlos Ramalho aprendemos muito sobre como reagir nos vários tipos de situações que rapidamente podem ficar descontroladas e das quais não estamos livres no dia-a-dia.
Além disso essa semana que passámos em Mafra aproximou-nos a todos o que nos fez perceber que, embora naquele caso encenadas, a situações limite aproximam, e muito, as pessoas.
12) Bernardo, muitos jornalistas vêem-se muitas vezes envolvidos em situações caricatas, quer pelos nervos do directo, ou o próprio acontecimento em si. Em vez de lhe pedir que nos enuncie alguns desses momentos, pedia-lhe que comentasse alguns que estão disponíveis no youtube. O 1.º está relacionado com a sua ligação à NTV, onde aliás foi um dos primeiros rostos do canal. Afinal estava ou não em directo aquando daquelas afirmações e que enredo levou a isso?
Vídeo: (http://www.youtube.com/watch?v=SGqSPetUNHQ&feature=related)
(risos) Eu não tenho como explicar o que aconteceu...
Lembro-me do director de informação da NTV, Dinis Sottomayor, me ter dito que um plateau é um santuário e que aprendi da pior forma possível a respeitar isso.
Não estávamos em directo. Os jornais na NTV era gravados. Naquele domingo à noite estávamos cansados e eu enganei-me (da forma que é visível e que não carece de mais comentários) e aquela versão que tinha ficado mal foi regravada. O colega que tinha a função de escolher a versão final enganou-se e escolheu a errada. Acontece.
A única coisa que na altura me magoou mais foi ter percebido que o vídeo foi parar à Internet não porque algum espectador o tivesse gravado legitimamente mas porque um colega mal intencionado o pôs a circular. Ainda por cima a ideia que passa é que eu estaria muito zangado, mas não. Estávamos a brincar e a parte que é visível dá uma ideia errada. Mas enfim...
Hoje é uma questão perfeitamente sanada. Uma coisa garanto; Nunca mais voltei a dizer uma asneira em estúdio! (risos)
12) Entretanto e mais uma vez aparece como um dos primeiros rostos na RTP N. Que tipo de programas informativos teve na grelha deste canal de informação e qual o que lhe deu mais gozo, mais paixão, fazer?
Na RTP o período que me deu mais prazer foi exactamente o do arranque da RTPN em Lisboa. O dia-a-dia de pôr os jornais no ar, as entrevistas de ultima hora e a adrenalina de perceber que a coisa podia falhar a qualquer momento, porque era normal no inicio a máquina não estar oleada, deram-me muito gozo.
13) Em 2009 vem trabalhar para a TVI, local onde se encontra habitualmente. E mais uma vez um dos rostos da estreia do canal por cabo, TVI 24. É um Carmo, ou pelo contrário um privilégio vir assumindo estes novos locais de trabalho?
(risos) Não, não é nenhuma cruz, pelo contrário! É fantástico poder começar alguma coisa principalmente se for a partir do zero. Isso já me tinha acontecido na NTV e a adrenalina é fantástica. Com o tempo é curioso ver como as coisas se desenvolvem e acompanhar o crescimento do canal. A realidade do cabo está a mudar e é muito interessante perceber que é nos canais temáticos, nomeadamente nos de notícias, que os espectadores mais confiam.
O TVI24 ainda tem um longo caminho a percorrer mas sentir que os passos que está a dar são sólidos é muito gratificante.
15) José Carlos Castro foi o coordenador dos novos rostos do novo canal de informação. Que grandes ensinamentos retirou destes encontros e que faz questão em pôr em prática no seu quotidiano?
O Zé Carlos é muito exigente mas ao mesmo tempo muito divertido. Foi muito importante ter passado quase um mês em formação com ele porque advertiu-nos para muitos erros que, na pressa do quotidiano, muitas vezes acontecem. Nós também adquirimos muitos “vícios” e ele ajudou a limpa-los.
Foi bom para incorporar o espirito TVI e perceber onde é que o TVI24 queria chegar. Sou apologista que este tipo de formações devem acontecer periodicamente quanto mais não seja para fazer uma pausa e perceber o que pode estar mal. Para mim, que já tinha sido apresentador alguns anos, foi importante perceber certos erros que cometia. Nisso o Zé Carlos é implacável.
16) Há quem diga que a vida de pivô se encontre bastante facilitada, porque apenas têm de reunir os vários pivôs, peças construídas pelos diferentes repórteres e limitar-se a ler o teleponto. Não obstante essa ideia é errada, até porque o Bernardo depois da maquilhagem senta-se em frente ao computador e aliás tem um hábito muito particular, o de ler as notícias várias vezes e em voz alta. Quer nos falar um pouco destas rotinas. A que horas entra e sai da redacção da TVI num dia habitual de trabalho?
Um pivot que tenha brio no seu trabalho não se limita a ler o teleponto. As pessoas não fazem ideia mas, de facto, o lugar é muito trabalhoso. É preciso rever peças, tirar dúvidas, acertas imprecisões que possam estar nas propostas de textos que nos chegam. Depois há também as entrevistas que têm de ser preparadas, as combinadas de véspera e as de ultima hora. Os directos, os debates... Já para não falar daquela que é a função maior de qualquer jornalista, independentemente do cargo que exerça, que é estar informado. Isso sim, dá muito trabalho e “queima muita pestana”.
Não meço o trabalho por horas. Chego com a antecedência necessária e saio quando o trabalho termina. E muitas vezes não termina ao sair da TVI. Em casa sou um “news junkie” com uma necessidade tremenda de estar informado e seguir o que fazem os outros canais. Vivo constantemente online. Até hoje não percebo como era possível viver noutros tempos sem Internet (risos).
17) Os seus colegas, falam de um amigo sempre bem-disposto e que aliás está sempre prestes a ajudar, nem que seja a cortar a mebocaína para as colegas com o seu canivete. Bernardo, afinal que história é esta?
Eu tenho um lado de “gadget man” e uma mochila sempre recheada de tudo que te possa passar pela cabeça (risos).
Nesse dia a Rita Rodrigues estava doente, com dores de garganta, e não conseguia engolir as pastilhas inteiras. Procurei no saco do “sport billy” uma solução rápida e encontrei um canivete que foi precioso, durante as 5 horas de emissão que fazíamos juntos, para cortar as pastilhas para que ela as pudesse engolir (risos).
Quanto a ser bem disposto acho que não é mais do que uma defesa num mundo em que as pessoas estão cada vez mais sisudas. Isso e o facto de não ser “amigo do stress”. Há alguns anos o Vítor Hugo, um jornalista sénior com quem trabalhei na RTP, disse-me que esta profissão é uma profissão de vida e não de morte e que apreciava essa minha característica. Com o tempo dou-lhe cada vez mais razão. Ser jornalista não é fácil. Tudo é para ontem e não pode ter erros. Stresso muito, é um facto. Mas não abdico de, nos momentos em que não é preciso stressar , contar umas piadas e aproveitar o facto de ser feliz e ter a profissão com que sempre sonhei.
17) Quando pode e aliás ainda no ano passado fez questão de dar a cara pelo apoio às vítimas da Madeira. A ideia que os pivôs da informação são «seres automatizados, desprovidos de sentimentos» está completamente errada. Aliás é um pivô onde o sorriso marca muito a sua expressão facial. Como é que vê a sua relação com o tipo de profissão que tem?
Eu adoro o que faço. De certa forma sinto-me um privilegiado. Mas muitas vezes ao darmos uma notícia colocamo-nos no lugar da pessoa e pensamos o que seria se nos tivesse acontecido aquilo a nós. Se fiz alguma coisa foi muito pouco. Digo-o sem falsas modéstias.
Não acredito em jornalistas automatizados. Uns disfarçam melhor do que outros. Tento levar a profissão da mesma forma que levo a vida. Sem me levar muito a sério com a devida excepção de quando é, de facto, necessário.
19) Foi no final também deste mesmo programa, onde Susana Bento Ramos afirmou, que o Bernardo não gosta nada de perder. É mesmo assim?
Confesso que não gosto, nem a feijões! (risos) Mas é só nas coisas recreativas porque no resto tenho muito fair play. Esforço-me por dar o melhor de mim e aí não fico aborrecido se não fui o melhor. Para a próxima tento corrigir o que estava mal.
20) Sendo um dos rostos do TVI 24, nomeadamente com alguns programas, com um estilo bastante radiofónico, onde os telespectadores entram em directo através do telefone, de certa forma o formato de rádio continua presente. Não obstante, enquanto que na rádio as suas expressões faciais não são visíveis, onde pode, baixando o som do seu microfone, soltar gargalhadas pela situação que lhe está a ser narrada. Já em televisão isso não é possível e por vezes certamente teve vontade de as soltar. Para ilustrar esta mesma situação (http://www.youtube.com/watch?v=HmQ0wqKS7c0&feature=related)
Quer nos dizer o que lhe passou pela cabeça durante este directo e qual a melhor forma de suster o riso, bem, bem, lá no fundo?
Bem... Este é um caso paradigmático. Confesso que o tema do programa não me agradava muito mas, por esse facto, não podia desvalorizar algo que alguém, estando ou não na posse das suas faculdades, poderia estar sentir. Sou uma pessoa de riso fácil mas tenho muito respeito pelo sofrimento dos outros e acho que foi isso que me fez conter.
21) Bernardo já pensou em usar lentes de contacto, ou os óculos são já imagem de marca?
Os meus amigos sabem que há três coisas do ponto de vista físico em que só em caso de vida ou morte alguém iria mexer;
Os olhos. Faz-me muita impressão até a maquiar. Não imagino ser operado e muito menos estar a tirar e a pôr lentes todos os dias. Os óculos estão para ficar!
As costas, tenho medo de ficar paraplégico.
O coração, só seria operado se estivesse a morrer.
22) Para além da sua paixão pelo jornalista é também um guitarrista amador. Já pensou em brindar os telespectadores da TVI, por exemplo numa das suas galas com uma boa música ao som da sua guitarra?
Nem pensar! Como ouvi um dia o Rui Veloso dizer sou um “guitarrista da tanga” (risos).
Na adolescência confesso que sonhava em ser um guitarrista de mão cheia mas depois passaram-se alguns anos em que nem olhei para a guitarra. Hoje em dia só toco quando junto amigos mais próximos e é quando podemos tocar e cantarolar qualquer coisa sem qualquer pretensão.
Se tiver de tocar para desconhecidos morreria de pânico! (risos)
23) Bernardo, na sua vida mais íntima. Na sua página oficial de facebook assume-se viúvo. É nestas pequenas coisas onde deixa dar azo à sua capacidade humorística?
É como eu costumo dizer... Não nos podemos levar a nós e à vida muito a sério.
Em tom de brincadeira chamo “carinhosamente” às minhas ex-namoradas de falecidas esposas... (risos)
Quando tive de preencher o estado civil no facebook achei piada e escolhi viúvo.
23) Aos 34 anos de idade sente-se feliz com aquilo que fez e sobretudo com o que está a fazer actualmente?
No que toca ao trabalho acho que ainda tenho muito para fazer. A ambição, com conta peso e medida, pode ser uma qualidade. Mas por vezes penso que já faço o que gosto e que até tenho uma vida profissional recheada. Tenho sonhos mas eles vão chegar se tiverem de chegar. Para já limito-me a fazer o melhor que sei e posso no que tenho entre mãos.
Do ponto de vista pessoal sempre tive a ambição de ter filhos, embora ache que é uma responsabilidade muito grande. Talvez por isso ainda não tenha chegado o momento certo. Mas isso levanta algumas questões. Vamos inverter os papeis e agora deixo eu a pergunta:
- Será que há momentos certos para fazer as coisas na vida?