"Quanto mais investimos nas pessoas, como se poderá dizer, e quanto melhores somos para elas, mais terrível é a paga que recebemos, disse Roger no Ambassador. ... Essas pessoas aproveitam todas as situações e nada as faz recuar, por mais estúpidas que essas pessoas sejam, fazem tudo, mesmo o que haja de mais asqueroso, para conseguirem o que pretendem. E nós caímos sempre no logro dessas pessoas, porque elas naturalmente nos são superiores nas torpezas do dia-a-dia, assim disse Roger."
F-Se! Como diz ainda o Thomas Bernhard " Eu não sou daquelas pessoas que gozam o presente, aí é que está, eu sou daqueles infelizes que gozam o passado, esta é que é a verdade, que sentem sempre o presente como uma afronta e como um desaforo, esta é que é a minha infelicidade. Mas exactamente assim também naturalmente não é ... " É! "Nós defendemos normalmente as pessoas, porque não podemos acreditar nem tão-pouco queremos acreditar que elas possam ser tão abjectas, mas a experiência acaba sempre por nos ensinar que elas são tão abjectas como nós nem imaginávamos que fosse possível." ... Mas "Julgamos que podemos passar sem as pessoas, julgamos até poder passar sem uma única pessoa e imaginamos também que só temos uma possibilidade de continuar a viver se estivermos a sós connosco, mas isso é uma ilusão. Sem outras pessoas não temos a mínima possibilidade de sobrevivência." ... " Tudo hoje é cheio de vileza e cheio de maldade, mentira e traição, disse Roger, nunca a humanidade foi tão despudorada e pérfida como hoje. Podemos olhar para o que quisermos, podemos ir para onde quisermos, só o que vemos é maldade e infâmia e só traição e mentira e hipocrisia e sempre e nada mais do que a baixeza absoluta, seja para onde quer que olhemos, seja para onde quer que vamos, deparamos com a maldade e com a mentira e com a hipocrisia. Que outra coisa vemos que não seja mentira e maldade, hipocrisia e traição, que não seja a baixeza mais baixa, quando vamos à rua, disse Roger. Nós vamos à rua e entramos na impudência, na hipocrisia e na maldade. " ... " O que é terrível é que uma pessoa aqui só pode ser um espectador abismado desta catástrofe e nada pode fazer para a evitar, assim disse Roger. " ... ... ... ... ... ... ... ... Atendi ao assertivo das palavras de Thomas Bernhard, aqui exposto de forma aleatória Y anacrónica, para omitir em palavra própria os meus pensamentos que assim ficam devidamente expressos, nas palavras redondas Y divertidas de Thomas Bernhard. É! Também me aguarda um Bilhete para uma qualquer Bilha Quebrada - de encenação horrípilante -; por muito que convide Y convença a minha sombra a fazer-me companhia, temo que ela não ceda. Temo que ela já sabe tudo. Temo que ela fique y se recuse. Porque sei - como o diz Thomas Bernhard, nas suas palavras aqui elegidas como tradutoras do que também sei Y que porque sei exactamente: " Nada é mais repugnante do que uma chamada leitura pelo próprio autor, disse Roger, para mim é uma das coisas mais detestáveis, mas todas as pessoas acham muito bem lerem por toda a parte o seu lixo. No fundo a ninguém interessa o que essas pessoas escrevinham nas suas pilhagens literárias, mas elas lêem, apresentam-se e lêem e dobram a espinha diante de qualquer ... Não há nada para mim mais insuportável do que uma leitura pelo próprio autor, disse Roger, é repugnante uma pessoa sentar-se e ler o seu próprio lixo, pois não é senão lixo o que todas essas pessoas lêem." Yep ... "Um cantor que canta canções é já uma coisa insuportável ..." Etc. Etc. Etc. Etc. ... O azedume na cara das pessoas é fenómeno certo: no campo & na cidade, Y, para além do azedume, há a sombra. Y há pessoas que vão andando com elas próprias sem sombra de azedume ... assim será.
