É um relato impressionante. Laura Logan, a jornalista da rede CBS que foi violada no Egipto quando Mubarak perdeu o poder, quebrou o silêncio. Numa entrevista ao programa «60 Minutos», a jornalista conta como foi violada com a mãos de dezenas de homens e como a tentaram desmembrar.
Logan, uma das principais correspondentes estrangeiras da rede CBS, foi vítima de uma violenta agressão sexual no Cairo no dia 11 de Fevereiro. A jornalista chegou à praça Tahrir quando a multidão, que há dias acampava no local exigindo a saída de Mubarak do poder, celebrava a conquista.
Quando a bateria das luzes da câmara foi abaixo começou o pesadelo de Laura. A equipa de seguranças que a acompanhava percebeu que algo se passava ao ouvir na multidão vozes que pediam para despir Laura. O grupo tentou sair do local, mas já não foi a tempo. Laura gritou, mas nada impediu a violência dos homens.
«Durante muito tempo, eles violentaram-me com as mãos, declarou, estimando que a agressão durou quarenta minutos e a foi praticada por um grupo de duzentos a trezentos homens.
A jornalista conta ainda que foi vítima de variadas agressões, mas a violência sexual ultrapassava qualquer dor. Laura foi «esticada» pela multidão que a tentava desmembrar e arrancar-lhe o couro cabeludo.
Laura foi salva quando ao ser levada pela multidão na praça caiu nos braços de uma mulher e depois resgatada por soldados.
O drama que Lara Logan viveu no Cairo serviu de alerta para o silêncio em torno dos abusos sexuais sofridos pelas jornalistas que realizam reportagens. «Temos apenas a nossa palavra», ressaltou Lara Logan. «Os ferimentos físicos cicatrizam. Não exibimos provas, como acontece com alguém que perdeu uma perna ou um braço no Afeganistão», acrescentou.