Saturday, October 30, 2010

GONDAR ESTÁ DE LUTO: MORREU O PADRE ANTÓNIO GONÇALVES FOZ. RECORDE A ENTREVISTA CONNOSCO:

António Gonçalves Foz nasceu a 23 de Julho de 1926. Filho de Carlos Gonçalves Foz e Maria Teixeira Gonçalves, desde sempre sentiu a vocação de ser padre. Foi ordenado a 16 de Abril de 1949.

Os catequizandos do 5.º ano decidiram ir visitar o Sr. Padre, ficando assim a conhecer alguma da sua história de vida. Para além do pequeno tributo que prestaram ao professor, colocaram outras questões que abaixo apresentamos:



1) Desde sempre quis ser padre, quem o incentivou?
Sim desde sempre quis ser padre, sempre foi o meu sonho e hoje quase a completar 83 anos não me arrependo de nada. Na altura em que entrei para o seminário com 11 anos tive a ajuda do Padre Manuel Marques Figueira.

2) Onde e como iniciou a sua carreira no seminário?
Como disse entrei para o seminário com apenas 11 anos. Comecei por estudar no Colégio de Ermesinde, fui depois para o Seminário de Vilar e finalmente tirei o meu curso de Teologia no Seminário da Sé. Com 22 anos termino o curso e começo a dar aulas no Seminário de Vilar. Dois anos mais tarde, venho para o Colégio de S. Gonçalo (Amarante) onde leccionei português, história e geografia. Fui professor durante aproximadamente 44 anos.


3) Era um professor muito exigente para com os seus alunos?
Sim era, mas também muito compreensivo e sempre mantive uma boa relação com os meus alunos.


4) Qual foi a primeira paróquia onde esteve?
Foi em Lufrei Amarante. Depois vim para aqui (Gondar) onde estive mais de 50 anos.

5) Que escritor português o marcou mais?
Almeida Garrett pelo seu estilo sem dúvida.

6) Viajou imenso, que terras é que conheceu?
Imenso mesmo. Fui 23 vezes à Terra Santa. Já estive, entre outros, na Jordânia, no Egipto, na Turquia, em Itália, França, Hungria, Áustria, Suíça, Espanha, …

7) Tem ou teve algum ídolo na sua vida?
A minha mãe.
8) Se lhe fosse permitido fazer algum milagre na sua vida terrena, qual seria esse milagre?
Ajudar os mais pobres, criancinhas que morrem de fome e santificar a juventude, um apelo para que os jovens se interessem mais pela sua religião.
9)Como vê a Igreja do século XXI?
Com muita esperança, muita fé, Deus é grande e misericordioso.

Conhecémos ainda as duas empregadas do Padre António Foz. A primeira que esteve com ele ainda na paróquia de Lufrei, Maria José Gonçalves Azevedo, durante 14 anos, e depois Alzira Carvalho Alves que o acompanha há mais de 50 anos na Casa Paroquial de Gondar.

PADRE FOZ QUANDO ERA MAIS JOVEM.

MARIA TEIXEIRA GONÇALVES, SUA MÃE


CARLOS GONÇALVES FOZ, SEU PAI



UMA BIBLIOTECA CHEIA DE HISTÓRIA...


MARIA JOSÉ GONÇALVES AZEVEDO, PRIMEIRA EMPREGADA EM LUFREI.


ALZIRA ALVES, SUA EMPREGADA EM GONDAR HÁ MAIS DE 50 ANOS...



PADRE GASTÃO, SEU ANTECESSOR NA PARÓQUIA DE GONDAR



RESTA AGRADEÇER MAIS UMA VEZ A GENTILEZA DO PROFESSOR PADRE ANTÓNIO FOZ, ASSIM COMO A TODOS OS INTERVENIENTES, UM BEM HAJA!

Saudade. O que é a saudade? No Brasil existe mesmo o dia da Saudade - 30 de Janeiro.

Friday, October 29, 2010

Fumo Branco ou será rosa alaranjado?

GOVERNO E PSD CHEGAM A ACORDO:
HAVERÁ ORÇAMENTO APROVADO PARA 2011!
RESTA SABER QUE TIPO DE ORÇAMENTO?

Scare Tactics: Banned Horror Comics of the 1950s


As American tumbled to the lowest point of the Great Depression, Franklin Delano Roosevelt rallied the country with the words, “We have nothing to fear but fear itself.” A little over two decades later, the United States government got into the fear business in a big way by shutting down one form of horror and replacing it with a form of their own. The Horror! The Horror!: Comic Books the Government Didn't Want You to Read! brings the horror comics of the 1950s back to life. Selected, edited, and with commentary by Jim Trombetta, these pre-Comics Code comics tell an even scarier tale than that of vampires, werewolves, and zombies—a tale of censorship and control that should scare anyone who cares about art and cares about how governments shape it using tactics that are downright scary. Please come over to Picture This at Big Think to read more of "Scare Tactics."

[Many thanks to Abrams ComicArts for providing me with a review copy of The Horror! The Horror!: Comic Books the Government Didn't Want You to Read! Selected, edited, and with commentary by Jim Trombetta.]

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F-Se! O 1º Filme: 1 Documentário. Facing Genocide - Khieu Samphan and Pol Pot. Ou O Outro Lado do S-21 Killing Machine. Y Sempre existe 1 Maquilhado de Karl Marx a Colocar a Carunchosa Notinha de rodapé: Propaganda Americana.

Há dias de "sorte". Ir ao cinema ver um filme, como se as pequenas fortunas Y conquistas se acumulassem também em frames. Já com a predisposição de me sujeitar a um certo encanto de ver algo em língua estranha, apenas deixado fluir a imagem, deixá-la aplacar-me com a sua delicadeza ou bruteza ... deixar que o sentido, o contexto semântico se eclipse. Afinal, se pensarmos bem - Y - com uma certa honestidade, pouco acabamos por perceber deste mundo Y das coisas dele.  Mas pequenos incidentes  ditaram o inesperado.

No programa constavam 5 filmes, todos diferentes, distribuídos por 5 salas Y sem existirem sessões coincidentes y nas horas mais in-usuais de um Tuga ir ao cinema. A última sessão estava escalonada para as 20:30.  Mas às 18:45 um Cartaz a preto Y branco Anunciava: "Facing a Genocide". Era isso! Um Documentário. Tendo falhado o doclisboa2010 só podia escolher 1 Documentário para inaugurar as minhas idas ao cinema em terra estranha.  Nesse espaço de cinefilia, o pulmão está no espaço restaurante-bar. Foi lá que aguardei pela hora. Porque a Bilheteira só funciona pouco antes das sessões, Y se não fossem os cartazes nem se adivinhava  que ali existiam 5 salas de cinema. Tomei chá circundada por 1 grupo de Srªs nos seus 70 y mais alguns, com 1 curioso ar de virgens-lésbicas.  Chegada a hora: a bilheteira y a Pergunta: em que idioma é o documentário? Apontaram-me para um homem na Maturidade, irrepreensivelmente urbano no seu cuidado de talhe intelectual.  Ele respondeu-me: "Francês y também cambodjano, as legendas na minha língua, não em inglês". Depois do meu Ok, inevitavelmente, precipitei-me na minha apologia do doclisboa, como o grande festival do documentário que eu tinha falhado. Este documentário seria uma purgação... etc. etc. Sim. Pensava que o Sr. na Maturidade era o Programador daquele espaço. Mas... não. Só no final do Doc. que por avaria técnica teve de passar a versão legendada em Inglês - ó que sorte a minha! - fiquei a saber que ele era o realizador. Os únicos naquela sala meia-cheia/ meia-vazia que tinham visto o S-21 The Killing Machine.




S-21 The Killing Machine 1/10



Os únicos - Eu Y o Realizador - que sabíamos (tínhamos a obrigação de o destacar) que "Facing a Genocide" Y o seu conteúdo não poderia ser arrumado como Propaganda Americana, que o Campo de Concentração S-21 não era uma encenação, uma coreografia de tortura Y morte.  Como Sueco que era o Realizador Sueco condescendeu na teoria da Propaganda Americana, anuindo que muitas mortes Y mal sobrevieram ao Povo Cambojano pela mão dos Americanos. Mas, eu não. Depois de ter visto S-21 The Killing Machine ficou-me a obrigação de silenciar todo Y qualquer contemporâneo - na sua quase perfeita máscara imaculada y cuidada ao infinito de Karl Marx - que puxa da sua Arma de perpetuação de idiotização maciça "Propaganda Americana". É! Ali um Sr. de estética Karl Marx resolveu abrilhantar a sessão com a sua estada no Cambodja, país que dizia conhecer de perto Y que informando toda a sala - este assunto: S-21 à sua população pouco ou nada diz ou disso se faz eco. Y que - segundo o Sr. Karl Marx Séc. 21, isto não é mais do que uma instrumentalização da propaganda Americana. Ó como eu nasci talhada com o dom Y talento Y arte y magnânimo sentido de criação-industrialização de inimigos.  40 anos a falar português dá-nos uma projecção de timbre que um duplo microfone não tem a potência.  Assim, ainda que num Inglês coxo o Sr. Karl Marx Séc. 21 nem teve oportunidade de se derreter naquela paposa lenga-lenga da Santidade dos Regimes que professaram os ideais Y que agora são travestidos com difamações - as tais propagandas das Américas ... etc. .
S-21 Existiu. É um facto. S-21 foi uma engenhosa máquina de Tortura Y Morte. S-21é um dos múltiplos exemplos da complexidade maligna da condição humana; do mal, do dano eclodir, inexplicavelmente, porque é mandatado. Quem executa, quem o consuma, até vai ao limite inimaginável de se apaixonar, de se endossar de alma a uma circunstância que apenas era suposto ser um factor mecânico Y sentimentalmente asséptico. 
Ó!, o demónio da Propaganda Americana a dar destaque a uma ocorrência da história recente do Cambodja que os próprios não ligam. É! Pois. Sr. Karl Marx tem razão! Tem mesmo muita Razão. Os Cambodjanos não dão destaque, nem disso fazem grande eco por duas razões: a primeira é 1 clássico da condição humana: o esquecer para continuar seguindo, aí o silêncio Y o tempo são o antídoto da malignidade; o 2º os milhares de Cambodjanos vítimas  do S-21 estão MORTOS. Sim. Muito a humanidade fala em fantasmas ... Sr. Karl Marx Séc. 21 da Propaganda Americana. Mas os fantasmas dos S-21 não falam... por isso, quiçá também tanto silêncio no Cambodja sobre o assunto. 

O Documentario Facing a Genocide - Khieu Samphan and Pol Pot 


F-Se! A Minha Colecção de inimigos cresce de vento-em-popa ... O denominador-comum da minha estada em qualquer parte ... S-21 Propaganda Americana?!! Isso é que não! Isso é que não. Coloquem na Árvore de Natal das Quimeras - Srs Karl Marx - outros fantasmas. Aliás. Imagino que o próprio Karl Marx ficaria horrorizado com estas barbaridades de corroboração forçada das suas teorias (a batota velhaca dos discursos em tornos do purgar das atrocidades, negando-as, teimando a sua negação. Como se assim elas nunca tivessem existido). 

Thursday, October 28, 2010

Kudos to Andreas Giger

LSU musicologist Andreas Giger has been named one of seven editors of the British journal Nineteenth-Century Music Review. The journal is currently published by Ashgate but will beginning with the coming year, be published and marketed by Cambridge University Press.


Congratulations!!!



CMDA mention in Advocate Editorial

Tough Times Need Vision

Tuesday, October 26, 2010

UCLA/LSU Distance piano collaboration with YAMAHA Disklavier

Watch short YouTube video: http://www.youtube.com/watch?v=vwMWvCQLGRc


Prof. Pamela Pike and LSU students on line with
Prof. Jennifer Snow and piano students from UCLA

Review: Washington Concert Opera's 'Adriana Lecouvreur' at Lisner Auditorium

MENTIONS LSU OPRA ALUM  baritone Donnie Ray Albert 

By Joe Banno
Tuesday, October 26, 2010
Soprano Mary Elizabeth Williams and mezzo Elizabeth Bishop made a splendid pair of rivals in Washington Concert Opera's performance of Francesco Cilea's 1902 potboiler "Adriana Lecouvreur" at Lisner Auditorium on Sunday. Williams, as the grand, 18th-century actress of the title, and Bishop, as the Principessa di Bouillon -- Adriana's competition for the affections of the Saxon count, Maurizio -- both possess the richness and vibrancy of voice to really sell the blood-and-guts verismo style of Cilea's writing. Williams also produced a creamy tone on her softly sung phrases, some ravishingly floated high notes and an arresting chest voice that paid dividends in the spoken excerpts of classical plays that Adriana declaims at several points in the opera.

The performance was generally cast from strength in the other principal and supporting roles as well, not least the tenor role of Maurizio, which James Valenti delivered with virile, beautifully balanced tone and a sweetly ringing upper register. If his handsome voice felt a size too small in carrying power next to Williams's singing, it did evince the right Mediterranean passion. Veteran baritone Donnie Ray Albert was also a welcome presence as the lovelorn stage manager, Michonnet, with his voice a tad thinner of tone these days, but still rock-solid and expressive.

Cilea's alternately swooning, scintillating and thundering score does much to ennoble the overwrought claptrap of the opera's libretto. Conductor Antony Walker did it full justice, drawing playing of power and refinement from his pickup orchestra.
Banno is a freelance writer.


SOURCE, WASHINGTON POST COURTESY OF DANIEL BIVENS

PHOTO: 
Don Lassell

Monday, October 25, 2010

F-Se! A vida por um beijo, como quem diz, amor.


TAKE ME BACK 









F-Se! Take me back in time to the place before it happened/ Where it happened ... He scratched your eyes, your pretty eyes/ With a handful of rusty nails ... Take her back in time to the place before it happened / Before it happened " 

F-Se! Não sei o que é, nem do que fala, nem o alcance empírico neste ou noutro planeta, nesta ou noutra reencarnação ... ...

Desde que a Maria João e eu fizemos dez anos de casados que estou para escrever sobre o casamento. Depois caí na asneira de ler uns livros profissionais sobre o casamento e percebi que eu não percebo nada sobre o casamento.

Confesso que a minha ambição era a mais louca de todas: revelar os segredos de um casamento feliz. Tendo descoberto que são desaconselháveis os conselhos que ia dar, sou forçado a avisar que, quase de certeza, só funcionam no nosso casamento.

Mas vou dá-los à mesma, porque nunca se sabe e porque todos nós somos muito mais parecidos do que gostamos de pensar.

O casamento feliz não é nem um contrato nem uma relação. Relações temos nós com toda a gente. É uma criação. É criado por duas pessoas que se amam.

O nosso casamento é um filho. É um filho inteiramente dependente de nós. Se nós nos separarmos, ele morre. Mas não deixa de ser uma terceira entidade.

Quando esse filho é amado por ambos os casados - que cuidam dele como se cuida de um filho que vai crescendo -, o casamento é feliz. Não basta que os casados se amem um ao outro. Têm também de amar o casamento que criaram.

O nosso casamento é uma cultura secreta de hábitos, métodos e sistemas de comunicação. Todos foram criados do zero, a partir do material do eu e do tu originais.

Foram concordados, são desenvolvidos, são revistos, são alterados, esquecidos e discutidos. Mas um casamento feliz com dez anos, tal como um filho de dez anos, tem uma personalidade mais rica e mais bem sustentada, expressa e divertida do que um bebé com um ano de idade.

Eu só vivo desta maneira - que é o nosso casamento - vivendo com a Maria João, da maneira como estamos um com o outro, casados. Nada é exportável. Não há bocados do nosso casamento que eu possa levar comigo, caso ele acabe.

O casamento é um filho carente que dá mais prazer do que trabalho. Dá-se de comer ao bebé mas, felizmente, o organismo do bebé é que faz o trabalho dificílimo, embora automático, de converter essa comida em saúde e crescimento.

Também o casamento precisa de ser alimentado mas faz sozinho o aproveitamento do que lhe damos. Às vezes adoece e tem de ser tratado com cuidados especiais. Às vezes os casamentos têm de ir às urgências. Mas quanto mais crescem, menos emergências há e melhor sabemos lidar com elas.

Se calhar, os casais apaixonados que têm filhos também ganhariam em pensar no primeiro filho que têm como sendo o segundo. O filho mais velho é o casamento deles. É irmão mais velho do que nasce e ajuda a tratar dele. O bebé idealmente é amado e cuidado pela mãe, pelo pai e pelo casamento feliz dos pais.

Se o primeiro filho que nasce é considerado o primeiro, pode apagar o casamento ou substitui-lo. Os pais jovens - os homens e as mulheres - têm de tomar conta de ambos os filhos. Se a mãe está a tratar do filho em carne e osso, o pai, em vez de queixar-se da falta de atenção, deve tratar do mais velho: do casamento deles, mantendo-o romântico e atencioso.

Ao contrário dos outros filhos, o primeiro nunca sai de casa, está sempre lá. Vale a pena tratar dele. Em contrapartida, ao contrário dos outros filhos, desaparece para sempre com a maior das facilidades e as mais pequenas desatenções. O casamento feliz faz parte da família e faz bem a todos os que também fazem parte dela.

Os livros que li dão a ideia de que os casamentos felizes dão muito trabalho. Mas se dão muito trabalho como é que podem ser felizes? Os livros que li vêem o casamento como uma relação entre duas pessoas em que ambas transigem e transaccionam para continuarem juntas sem serem infelizes. Que grande chatice!

Quando vemos o trabalho que os filhos pequenos dão aos pais, parece-nos muito e mal pago, porque não estamos a receber nada em troca. Só vemos a despesa: o miúdo aos berros e a mãe aflita, a desfazer-se em mimos.

É a mesma coisa com os casamentos felizes. Os pais felizes reconhecem o trabalho que os filhos dão mas, regra geral, acham que vale a pena. Isto é, que ficaram a ganhar, por muito que tenham perdido. O que recebem do filho compensa o que lhe deram. E mais: também pensam que fizeram bem ao filho. Sacrificam-se mas sentem-se recompensados.Num casamento feliz, cada um pensa que tem mais a perder do que o outro, caso o casamento desapareça. Sente que, se isso acontecer, fica sem nada. É do amor. Só perdeu o casamento deles, que eles criaram, mas sente que perdeu tudo: ela, o casamento deles e ele próprio, por já não se reconhecer sozinho, por já não saber quem é - ou querer estar com essa pessoa que ele é.

Se o casamento for pensado e vivido como uma troca vantajosa - tu dás-me isto e eu dou-te aquilo e ambos ficamos melhores do que se estivéssemos sozinhos -, até pode ser feliz, mas não é um casamento de amor.

Quando se ama, não se consegue pensar assim. E agora vem a parte em que se percebe que estes conselhos de nada valem - porque quando se ama e se é amado, é fácil ser-se feliz. É uma sorte estar-se casado com a pessoa que se ama, mesmo que ela não nos ame.

Ouvir um casado feliz a falar dos segredos de um casamento feliz é como ouvir um bilionário a explicar como é que se deve tomar conta de uma frota de aviões particulares - quantos e quais se devem comprar e quais as garrafas que se deve ter no bar, para agradar aos convidados.

Dirijo-me então às únicas pessoas que poderão aproveitar os meus conselhos: homens apaixonados pelas mulheres com quem estão casados.

E às mulheres apaixonadas pelos homens com quem estão casadas? Não tenho nada a dizer. Até porque a minha mulher continua a ser um mistério para mim. É um mistério que adoro, mas constitui uma ignorância especulativa quase total.

Assim chego ao primeiro conselho: os homens são homens e as mulheres são mulheres. A mulher pode ser muito amiga, mas não é um gajo. O marido pode ser muito amigo, mas não é uma amiga.

Nos livros profissionais, dizem que a única grande diferença entre homens e mulheres é a maneira como "lidam com o conflito": os homens evitam mais do que as mulheres. Fogem. Recolhem-se, preferem ficar calados.

Por acaso é verdade. Os livros podem ser da treta mas os homens são mais fugidios.

Em vez de lutar contra isso, o marido deve ceder a essa cobardia e recolher-se sempre que a discussão der para o torto. Não pode ser é de repente. Tem de discutir (dizê-las e ouvi-las) um bocadinho antes de fugir.

Não pode é sair de casa ou ir ter com outra pessoa. Deve ficar sozinho, calado, a fumegar e a sofrer. Ele prende-se ali para não dizer coisas más.

As más coisas ditas não se podem desdizer. Ficam ditas. São inesquecíveis. Ou, pior ainda, de se repetirem tanto, banalizam-se. Perdem força e, com essa força, perde-se muito mais.

As zangas passam porque são substituídas pela saudade. No momento da zanga, a solidão protege-nos de nós mesmos e das nossas mulheres. Mas pouco - ou muito - depois, a saudade e a solidão tornam-se insuportáveis e zangamo-nos com a própria zanga. Dantes estávamos apenas magoados. Agora continuamos magoados mas também estamos um bocadinho arrependidos e esperamos que ela também esteja um bocadinho.

Nunca podemos esconder os nossos sentimentos mas podemos esconder-nos até poder mostrá-los com gentileza e mágoa que queira mimo e não proclamação.

Consiste este segredo em esperar que o nosso amor por ela nos puxe e nos conduza. A tempestade passa, fica o orgulho mas, mesmo com o orgulho, lá aparece a saudade e a vontade de estar com ela e, sobretudo, empurrador, o tamanho do amor que lhe temos comparado com as dimensões tacanhas daquela raivinha ou mágoa. Ou comparando o que ganhamos em permanecer ali sozinhos com o que perdemos por não estar com ela.

Mas não se pode condescender ou disfarçar. Para haver respeito, temos de nos fazer respeitar. Tem de ficar tudo dito, exprimido com o devido amuo de parte a parte, até se tornar na conversa abençoada acerca de quem é que gosta menos do outro.Há conflitos irresolúveis que chegam para ginasticar qualquer casal apaixonado sem ter de inventar outros. Assim como o primeiro dever do médico é não fazer mal ao doente, o primeiro cuidado de um casamento feliz é não inventar e acrescentar conflitos desnecessários.

No dia-a-dia, é preciso haver arenas designadas onde possamos marrar uns com os outros à vontade. No nosso caso, é a cozinha. Discutimos cada garfo, cada pitada de sal, cada lugar no frigorífico com desabrida selvajaria.

Carregamos a cozinha de significados substituídos - violentos mas saudáveis e, com um bocadinho de boa vontade, irreconhecíveis. Não sabemos o que representam as cores dos pratos nas discussões que desencadeiam. Alguma coisa má - competitiva, agressiva - há-de ser. Poderíamos saber, se nos déssemos ao trabalho, mas preferimos assim.

A cozinha está encarregada de representar os nossos conflitos profundos, permanentes e, se calhar, irresolúveis. Não interessa. Ela fornece-nos uma solução superficial e temporária - mas altamente satisfatória e renovável. Passando a porta da cozinha para irmos jantar, é como se o diabo tivesse ficado lá dentro.

Outro coliseu de carnificina autorizada, que mesmo os casais que não podem um com o outro têm prazer em frequentar, é o automóvel. Aí representamos, através da comodidade dos mapas e das estradas mesmo ali aos nossos pés, as nossas brigas primais acerca das nossas autonomias, direcções e autoridades para tomar decisões que nos afectam aos dois, blá blá blá.

Vendo bem, os casamentos felizes são muito mais dramáticos, violentos, divertidos e surpreendentes do que os infelizes. Nos casamentos infelizes é que pode haver, mantidas inteligentemente as distâncias, paz e sossego no lar.

F-Se! Sei que é muito Bo-ni-to ... Mesmo só. É isso ...